quarta-feira, 16 de outubro de 2013

HISTÓRIA TEM CHEIRO?











Cheiro de casa de vó.


Hoje eu me permiti me entregar aos meus devaneios e compartilho eles com vocês.
Sempre fui muito nostálgica, ligada às lembranças, principalmente às que estão ligadas ao meu olfato. Cheiro de infância, cheiro de pessoas, cheiro de lugares, cheiro de momentos…E um dos principais cheiros que trazem à tona memórias prazerosas, são os das casas das minhas avós (sim, no feminino porque são elas que me remetem esse sentimentos bom e olfativo).
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Como sempre morei em apartamento, adorava passar alguns momentos nas casas delas. Uma, a paterna, morava na mesma cidade aonde passei a minha infância e a outra, a materna, morava na cidade aonde passava minhas férias e para onde íamos nas datas comemorativas.
Minha avó paterna, hoje falecida, chamada Lavina, sempre tinha algo no fogo, fosse um café coado naqueles filtros de meia, um feijão ou uma galinha ensopada, daquelas mergulhadas no óleo. Naquele tempo ainda estávamos alheios aos malefícios do mesmo. Já minha avó materna, que ainda nós dá a graça da sua companhia, chamada Elisa, estava sempre costurando alguma coisa e em sua casa, costumava me perder nos pensamentos enquanto dormia no antigo quarto cor de rosa da minha mãe.
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Hoje, nenhuma das casas existe mais. A da minha avó paterna existe na vida de novos moradores e por vezes, na busca de resgatar a minha essência, ainda dou uma passada por lá. A da minha avó materna se transformou numa loja e ela juntamente com o meu avô, por conta de um maior conforto, mudou-se para um apartamento que fica na mesma rua.
Mas mesmo que eu não possa mais me fazer presente nesses lugares, a lembrança, o cheiro, o som, ainda vivem latentes na minha memória. Posso fechar os olhos e encontrar com o meu avô paterno sentado no quintal ouvindo o seu rádio à pilha ou com toda a minha família materna, na casa dos meus avós, sentada ao redor de uma mesa típica italiana. Posso viajar nas lembranças e me ver sentada no sofá de couro da minha avó paterna, jogando conversa fora com todos os meus primos ou lembrar de quando toda a minha família materna sentava nos degraus em frente a casa dos meus avós depois do almoço.
Às vezes me perco olhando as casas antigas que ainda resistem ao crescimento vertical das cidades e imagino se nelas também existe esse aroma de casa de vó. Mato um pouco das saudades visitando a casa dos meus sogros, que não existirá por muito mais tempo, e que constantemente me remete à minha infância, com a cozinha sempre cheirosa, o cheiro das linhas da sala de costura e aquela permissão irrestrita cedida por aqueles que tem o dom de adoçar a vida das próximas gerações.
Sempre digo que daria um dedo em troca de poder voltar algumas horas e viver de novo essas experiências. Mas como ainda não podemos voltar no tempo, procuro transmitir ao meu filho essa delícia da convivência em família. Construímos juntos no presente ótimas memórias para o futuro. Toda sexta feira João Pedro dorme na casa dos meus sogros e toda semana passa momentos com os meus pais. E eu fico extremamente feliz de poder transmitir à ele a importância dessas vivências para que um dia ele também possa se deliciar com essas lembranças.
E vocês, que memória olfativa faz com que vocês viajem pelo passado?
Boa semana pra todo mundo.
beijos, Juliana Baron Pinheiro


SEGUNDA PUBLICAÇÃO: BLOG OS DOCES DA VÓ MARIA.

Quem, como eu, recorda a infância sempre que fecha os olhos. Os seus cheiros… os seus sabores…
O leite creme que tinge de canela o ar, o estalar da aletria, o açúcar quase quase em ponto de caramelo. Ah… o cheiro… o cheiro da cozinha da minha Avó!
Estas eram algumas das delícias que a minha Avó Maria me preparava.
Pé ante pé, lá me fui aproximando do fogão, sempre sob a supervisão da minha Avó.
Na adolescência replicava as receitas de família, mas com algum esforço confesso. Nem sempre era fácil interpretar as medidas que a minha Avó me transmitia. Até porque muitas delas eram definidas pela conhecida medida de volume “a olho”!
Perguntar à minha mãe também não ajudava muito… ” Então? Olhas e já sabes a quantidade de leite”. O resultado: “quindim no estado líquido”…
Estes “desafios” afastaram-me algum tempo de tudo que envolvesse formas. Durante esse tempo dediquei-me à minha licenciatura em Economia.
Claro que durante os primeiros anos de actividade profissional nem formas nem panelas estiveram contempladas. Substituí cada uma delas pelas folhas de cálculo e pelos reports.
Mas quando realmente temos uma paixão não conseguimos seguir em frente sem enfrentar os desafios que esta nos coloca.
Assim, munida de formas, receitas, ingredientes seleccionados e, claro, balança e copo medidor, rumo cheia de coragem de volta à cozinha.
É tão bom recordar o cheiro da cozinha da Avó Maria.
Com este espaço pretendo partilhar as etapas deste meu reencontro mas, acima de tudo, homenagear todas as Avós e todas as Mães que enriqueceram as nossas infâncias com doces sabores.
Conto com o vosso apoio, as vossas questões e esclarecimentos.
Até lá,
Mara Branco

TERCEIRA PUBLICAÇÃO: BLOG SÃO PAULO MINHA CIDADE

Casa de vóAutor(a): Klaus Mock - Ainda hoje, com quase 50 anos, consigo lembra-me nitidamente da minha saudosa infância. Fecho os olhos e como num passe de mágica consigo viajar rapidamente no tempo e lá estou novamente, primavera dos anos 60, no bairro de Moema, mais precisamente Rua Chanes. 

Vejo a casa dos meus sonhos com um portão verde e um pequeno jardim muito bem cuidado com roseiras, a entrada lateral com caminho de cimento, além de hibiscos do lado e aquele cheiro gostoso no ar... A janela da frente com sua cortina, tudo sempre limpinho arrumado com esmero e cheirando bem.

Revejo minha avó com seus cabelos brancos e olhos azuis, tão cheirosa e tão bonita falando com seu sotaque carregado, afinal era alemã... Entramos na sala com os tacos de madeira encerrados e o barulho do velho relógio Junghans, que marcava os quartos de hora... O quarto de meu pai quando solteiro, o banheiro com seu aquecimento a gás e seus lindos tubos de cobre, a cozinha e o cheiro da comida... “Ah”, que saudades!

A porta de madeira com tela, que dava para o quintal, que tinha um poço de tijolos aparentes e um pequeno quartinho que meu pai construiu para guardar garrafas, mas minha avó utilizava para deixar o chucrute curtindo...

Dormir na casa da minha vó era sempre uma alegria... O mundo de aventuras no quintal, mas os anos passaram voando e há muito tempo, quando voltei para lá, a casa havia sido comprada por uma escola que alterou totalmente as suas características...

Uma pena, uma perda enorme! Mas assim como minha avó se foi, meu pai também e tantas outras pessoas queridas! Restou uma enorme saudade e um sentimento de agradecimento por poder ter tido uma infância feliz...


QUARTA PUBLICAÇÃO: BLOG GENTE DE OPINIÃO

Hoje, senti saudades da casa de minha avó.
Senti o desejo de chegar e abrir aquele portão barulhento, rangendo junto com o latido do cachorro Veludo.
Senti saudade de chegar à janela de madeira, bem larga, e pedir a benção de minha avó.
Na casa antiga, construída por meu avô, existia de tudo.
Lembro-me do pequeno fogão sempre cozinhando alguma coisa.
No centro da cozinha, uma mesa quadrada com uma farinheira de madeira, uma fruteira sempre com muitas bananas prata.
Dentro da petisqueira, a garrafa de café bem forte.
Na parede um antigo quadro do Sagrado Coração de Jesus.
Perto da janela sempre respondendo com bom humor, ficava minha velhinha numa cadeira de balanço, pra lá e pra cá.
Senti saudades do cheiro da casa de minha avó.
Ela sempre usando os vestidos largos e coloridos, com anágua.
Amarradas na alça do califon, as chaves que abriam os baús da casa.
Somente ela abria tudo.
Sempre no ar um cheiro de Vick Vaporub .
E ali ficava o paraíso que hoje me faz tanta falta.
Quando minha avó substituiu o pote pelo filtro, o sabor da água mudou.
Hoje, guardo na minha casa o filtro que era da casa da minha avó.
Não me desfaço dele por nada.
Muitas vezes minha avó ficava lendo algum livro ou revista por muito tempo.
Detalhe: A revista ou o livro de cabeça para baixo.
Mas, ela já vinha com a resposta pronta.
- Quem sabe ler, lê de qualquer jeito!
Nos jogos do Brasil, quando apareceu televisão por estas bandas, minha avó torcia muito.
Acendia vela, rezava e soltava alguns palavrões ao mesmo tempo.
O engraçado é que após muito tempo do jogo começar ela perguntava:
- Pra que lado o Brasil está atacando?
Hoje senti saudades do cheiro da cama da minha avó.
Dos perfumes usados no domingo quando éramos obrigados a frequentar a missa.
O tempo passou tão rápido.
Estranho é ter que fechar os olhos para lembrar coisas tão simples e que fazem tanta falta.
As ruas continuam iguais, e não existe mais a casa rodeada de plantas e pés de frutas de todo o tipo.
Hoje, vejo minha neta entrar na minha casa sorrindo.
Será que a minha casa possui o cheiro da casa de minha avó?
Será que minha netinha vai guardar lembranças do que sou?
Como diz o Toquinho em uma de suas canções, “Só não me esqueça num canto qualquer”.
Aqui na minha casa pode faltar tudo, menos café.
Café forte durante o dia inteiro.
Talvez seja uma forma de trazer para dentro da minha casa o cheiro da casa da vovó Raimunda.
Será que sou um bom avô?

Diz a lenda


Fonte: Beto Ramos


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